terça-feira, 22 de setembro de 2009



Alberto comprara um fusca para ficar em sua casa na roça, mas bastou seus dois filhos botarem o olho no Cartier Bresson para ordenarem: “Pai leva este carro para a cidade”!




O fusquinha, comprado numa pechincha por R$ 1.400,00, e batizado com o nome de um conhecido fotógrafo francês, não estava em condições mecânicas de disputar espaços no caótico trânsito do centro do Rio de Janeiro...



-Num sei não... Respondeu, com certo receio, seu Beto, assim conhecido em Lumiar, distrito de Nova Friburgo, distante 160 quilômetros da capital. Afinal, uma experiência ruim o fez refletir. É que a antiga dona queria R$ 2.400,00 pelo automóvel, mas por azar dela, no caminho pra buscar o dinheiro no Banco Itaú, o bichinho enguiçou e não adiantou nem empurrar. Foi aí que seu Beto mandou: Se a senhora quiser se livrar do problema, agora, lhe dou R$ 1.400,00. Aceita ou não?



Seu Beto acreditava que se ela deu azar, ele também poderia enguiçar. Não queria passar por isso com seus filhos dentro do carro. Mas, os meninos insistiram tanto que lá foi seu Beto pra cidade com os dois. Era tarde da noite. Ao volante ele rezou e se benzeu mais de 10 vezes durante o caminho. E, pra distrair os pequenos, contou histórias de disco-voador...

A viagem fora um sucesso, o valente fusquinha 72 verde azeitona, chegou sem sobressaltos ao seu destino e os meninos ficaram radiantes com o final feliz da grande aventura. No dia seguinte os meninos insistiram para ir ao cinema do shopping. Queriam ir com o Cartier Bresson...

Depois de assistirem “A Era do Gelo”, os três seguiram para o estacionamento, já quase vazio, pegar o carro.

Jairzinho, de 6 anos se ajeitou no banco de traz. Betinho, o mais velho, de nove anos, sentou-se no banco do carona. Seu Beto, na direção, enfiou a chave na ignição e... O bichinho não pegava. Outra tentativa, e nada... Depois da quinta tentativa decidiu empurrar. Procurou alguém que o ajudasse, mas não havia ninguém...

Foi quando pediu a ajuda ao menino maior:-"Betinho, fica lá atrás do carro e usa toda a sua força, que eu vou empurrar aqui perto da porta", pediu o pai. Dentro do carro Jairzinho observava tudo, divertindo-se com mais uma aventura. “Vamos lá”! “Força”! “Empurra Betinho”! Berrava.

O bichinho verde, então, alcançou razoável velocidade. Seu Beto, com agilidade, abriu a porta e pulou com o carro em movimento. Virou a chave, pisou na embreagem, passou a 2ª marcha e acelerou...


Cartier Bresson, mais uma vez, heróico, roncou o motor, deixando Jairzinho boquiaberto com tudo o que, naquele instante, presenciava. Estava nas nuvens. Sentia-se um Indiana Jones. Seu Beto parou o veículo para que Betinho também pudesse entrar, e foram pra casa...

Na garagem, depois do susto, Jairzinho, elogia: “Pai, você foi demais”! Só o senhor pra comprar um carro que enguiça, mas depois volta a funcionar..."


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